'As palavras são como os meus passos, cada frase será como uma pedra que deixo atrás de mim para não me perder no regresso.'

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

shadows


está escuro, tenho medo e não gosto de estar sozinha. nunca gostei nem quis estar sozinha.o silêncio intimida-me; faz-me recear o que se esconde para lá das sombras, que vultos serão esses que se dão a conhecer por detrás das formas negras e desaparecem assim que a luz regressa; permanecem no escuro, somente no escuro. medo, ter medo não pode ser bom e hoje apercebi-me que tenho medo, medo de perder uma coisa em particular - existe apenas um desses vultos, uma dessas sombras que não quero que desapareça. apenas uma delas aquece o ambiente enquanto as outras todas o gelam. um desses seres brilha mais que todos os outros, distingue-se e transmite-me segurança. desejo insuportavelmente encaixar-me nele, sentir os seus braços rodearem-me, protegendo-me. já me habituei à sua presença; mesmo quando me olho ao espelho e tudo o que é meu se torna vítreo, trivial, lívido esse ser regressa e aí devolve a serenidade que existe quando se encontra presente, embora seja por pouco tempo. aliás, nenhum tempo é suficiente quando me sinto assim, quando o tenho por perto, quero apenas mais e mais. mas há só uma coisa que resiste ao tempo: as palavras, e mesmo sem elas, com ele, só um olhar basta.

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