'As palavras são como os meus passos, cada frase será como uma pedra que deixo atrás de mim para não me perder no regresso.'

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

future


ás vezes tento imaginar o começo, o início da nossa linda história. as recordações que tenho guardo-as só para mim. são lembranças de uma passado, de um presente e com certeza de um futuro brilhante para ambos. cativaste-me de forma que nunca antes ninguém tinha feito, fizeste-me encontrar um caminho que não sabia existir, uma estrada nova, acabada de construir por ti, por nós. sim, na verdade, no inicio encontrava-me um pouco de medo do que estava a sentir mas, quando pouco a pouco fui descobrindo um pouco mais de ti, um pouco mais de nós, a minha mente começou a vaguear descontrolada e freneticamente à procura de um futuro juntos. o mais estranho é que na verdade encontrei. foi quase como uma premonição, uma visão do que seria ao teu lado. feliz. e hoje meu amor, é assim que eu sou. sempre que caminho na rua, que percorro uma estrada junto de tantas e tantas pessoas a única que vejo és tu. não consigo olhar para ninguém da forma como olhava, tu descontrolas-te a minha cabeça e desde que estou contigo algo mudou dentro de mim. tornas-te tudo mais fácil mesmo sabendo que tudo continua a ser difícil. e agora fizeste isto: a pergunta que todas as mulheres pretendem ouvir quando encontram o seu príncipe, quando descobrem alguém que as completa, que as preenche, que as ama, como tu meu amor. mas tu meu tonto, sabes qual é a resposta. é SIM eu quero meu homem!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

free

quando gostamos de alguém, só há uma cara, um sorriso, uma voz e um nome no nosso pensamento. eu amo-te, de uma forma frágil agora. susceptível ao toque de outrem ou ás tuas palavras que caem no chão como pedaços de vidro que nos doem no peito pelo simples barulho que fazem. amo-te assim desmazeladamente. inconscientemente. amar-te tornou-se quase irracional, natural e inevitável. mas não, não te quero prender; quero que estejas aqui porque queres, porque precisas tal como eu preciso. é por isso que deixei, deixei tudo ao sabor do vento e ao ritmo das batidas de um coração perdido e magoado nas entranhas do teu corpo. deixei tudo ao florescer de um desejo que me arrepia o corpo e me deixa sem forças. então hoje sinto a tua falta, sem que compreenda o que sinto no entanto. e embora procure e procure o significado, a falta de necessidade, só consigo encontrar a minha cabeça a encher-se de um milhão de imagens tuas, centenas de sorrisos e dezenas de olhares. então hoje sinto a tua falta, chama-lhe saudades se quiseres que eu deixo.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

destiny

nos últimos tempos tenho andado desorientada, perdida. quebrei a rotina que mantive durante todos estes anos, deixei de fazer o que fazia antes. houve algo em mim que mudou, bastantes coisas até. a minha vida tornou-se um percurso constante de erros e desilusões, mas certamente serviram para algo; agora eu sei para o que serviram. abriram-me os olhos, talvez depressa demais, mas consegui perceber que de um lado existiam pessoas que me desiludiram, fizeram-se de vítimas para justificar tudo à sua volta e eu ingénua fui-me enrolando. enrolando em mentiras, traições, ilusões e promessas; se errei? ah errei sim. talvez tenha sido eu quem mais tenha errado. mas para quê tudo isto? para quê tantos jogos? pois... agora vejo que do outro lado, existiu sempre alguém; alguém que nem me apercebi que magoei. foi essa cegueira que me invadiu que fez com que sofresses, mais do que qualquer outra pessoa. e agora eu preciso regressar ao passado e mudar tudo o que fiz para voltarmos ambos a sorrir. hoje eu sou feita de saudades. saudades essas que nas veias, substituíram o sangue, e o coração já não bate, suspira. fizeste-me aprender que a felicidade não é um trajecto, é um destino e que só nós conseguimos construir o caminho para podermos ser felizes, juntos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

apart

das piores sensações de que uma pessoa pode vir a ser assombrada é não saber o que fazer nem o que pensar. vir a ser rodeada de indecisões sobre as questões mais importantes da sua vida. estar aterrorizada da imensa pressão que tem num único cérebro, porque caso dê um passo em falso pode condenar o seu futuro. basicamente vivo de momento arrependida de decisões que ainda nem sequer tomei. sei que pode ser um erro, mas certamente será um erro para os dois. para ser sincera nunca acreditei em relações à distância muito menos pensei em ter uma, mas agora já não sei o que dizer sobre isso. fizeste a minha cabeça ficar dividida, tornas-te tudo tão fácil embora saibas o quão difícil é para ambos. fizeste-me acreditar naquilo que para mim era quase impossível. ninguém diria que isto me ia acontecer, muito menos assim, de um momento para o outro. sim, agora que estamos longe dou mais valor às tuas palavras que nunca. prendeste-me a ti de tal maneira que não quero que me largues nunca mais. embora saiba que te vou ver em breve sinto-me ansiosa mas tento não imaginar nada, nem criar planos na minha mente. vai ser um dos dias que mais anseio, finalmente vou ver-te e vou poder abraçar-te como nunca. mas admito, tenho medo de te ver e de como será; de como irei reagir quando te vir partir outra vez. como dizes temos de ser fortes, lutar para que resulte. e eu acredito que vamos ultrapassar tudo, juntos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

learn

 aprendi que o amor não vem quando queremos, quando desejamos; chega na hora exacta sem pedir nem avisar. aprendi que a maturidade vem aos poucos e não de uma vez só. descobri que a família é tudo e que amigos bons e sinceros são poucos. entendi que cuidar da minha vida é sempre melhor opção por mais que me preocupe com os outros. compreendi que dias melhores sempre virão e que na vida, nem tudo vale a pena. mas principalmente aprendi que a minha felicidade depende das escolhas que eu faço.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

together

torna-se estranha a maneira como certas coisas se apoderam de nós. a maneira como nos violam primeiro a mente, depois o coração e por fim a alma. mas não, agora isso não é um mau sinal. agora somos como um ponto de encontro embora outrora tivéssemos sido um lar de fantasmas. fantasmas esses que por vezes ainda pairam à nossa volta, rodeando-nos e tentando interferir na nossa vida, no nosso bem-estar. há alturas em que me vejo a relembrar o passado e acabo por me aperceber do quão hipócrita fui eu que só na iminência de te perder te desejei. fui injusta, confesso que sim. muitas vezes cometi erros dos quais só agora me consigo arrepender. mas isso não justifica a dor e muito menos a acalma, apenas a liberta para poder crescer mais e mais fazendo-me contorcer numa angústia de remorsos gigantesca. só tu me conheces verdadeiramente. sim, apesar de todas as minhas tentativas para esconder os pormenores mais sórdidos da minha existência cheguei à conclusão de que me conheces realmente em todo o meu íntimo. sabes que te deixei entrar na minha alma mais do que ninguém, e sabes com isso que és o meu ponto fraco, o território fragilizado e pronto a ser atacado. só queria que ficássemos assim, como que aprisionados no tempo. tempo esse que não tenho para me lembrar de quem me deixou triste, porque agora estou só e unicamente preocupada com quem me faz e fará feliz.

domingo, 8 de julho de 2012

thoughts



quando era criança precisava de adormecer com a luz acesa porque tinha medo do escuro. hoje continuo a precisar dessa luz porque tenho medo de mim, medo de mim sem ti. pode parecer-te estranho, sim eu sei as inúmeras vezes que disseste que isso nunca iria acontecer, mas esse receio persiste em mim todos os dias. às vezes dou por mim a olhar para o vazio perdida em pensamentos, sem saber bem onde ia e o que ia fazer; como se estes receios se transformassem num medo atroz e me impedissem de continuar, como se paralisassem todos os músculos do meu corpo para poder ficar, apenas mais uns segundos, a pensar em ti. sim, porque pensar em ti torna-te mais presente dentro de mim e ameniza todas as minhas fraquezas. sabes, hoje aprendi uma coisa, os obstáculos apenas separam aqueles que se deixam separar. separam muitos; mas não, a nós não.

sábado, 30 de junho de 2012

tears

há dias assim, em que te sentes vazia por dentro; mesmo que queiras muito levantar-te, por mais que ordenes isso a ti mesma o teu corpo não cede. tal como eu hoje não cedi. passei a noite anterior ás voltas na cama e hoje ainda nem me deitei. é claro que tenho a certeza do que quero, acho que nunca estive tão certa de algo como tenho estados nestas últimas semanas. mas os problemas aparecem, sem serem convidados e sem se limitarem a avisar, mas pior é o facto de surgirem quase todos os dias e fugirem mesmo antes de os conseguir resolver. nunca fui de deixar as coisas pela metade, gosto de esclarecer as coisas aos outros, mas primeiro tenho a necessidade de me esclarecer a mim própria. a minha cabeça sempre divagou demasiado em pensamentos e são eles que de alguma forma têm dado sentido à minha vida; talvez por pensar demasiado e congestionar a minha mente em função de ideias e dúvidas, não tenha feito as escolhas mais acertadas. acho que a melhor decisão que tomei até agora foi essa mesmo, ter-te escolhido a ti, sem arrependimentos, sem senãos. mas tenta entender, por vezes custa, por vezes dói, demasiado para tentar esconder seja o que for e mesmo que tente, as lágrimas rolam pela minha face sem pedir permissão. não sou de ferro, não aguento tudo; por mais feliz que esteja há alturas em que me sinto como que a explodir por dentro e tenho necessidade de me libertar desses pensamentos que me aprisionam. sim, hoje deparei-me com esta situação. estava sentada, com os cotovelos nos joelhos e as mãos no queixo a vaguear por caminhos passados, olhei para a rua e chovia, lágrimas como aquelas que rolavam pelo meu rosto. senti-me presa, tanta gente a passar naquele comprido corredor, tanta gente a olhar para mim, a observar cada gota de água que brotava dos meus olhos; só pedia que olhassem para o céu e vissem antes a chuva cair, sem que eu tivesse caído primeiro. contudo, depois de reflectir, como habitual, parei e resolvi abrir o jogo, deparei-me comigo mesma a pensar: 'para quê esconder, se até os deuses choram hoje, porque raio hei-de eu levantar-me daqui?'.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

shadows


está escuro, tenho medo e não gosto de estar sozinha. nunca gostei nem quis estar sozinha.o silêncio intimida-me; faz-me recear o que se esconde para lá das sombras, que vultos serão esses que se dão a conhecer por detrás das formas negras e desaparecem assim que a luz regressa; permanecem no escuro, somente no escuro. medo, ter medo não pode ser bom e hoje apercebi-me que tenho medo, medo de perder uma coisa em particular - existe apenas um desses vultos, uma dessas sombras que não quero que desapareça. apenas uma delas aquece o ambiente enquanto as outras todas o gelam. um desses seres brilha mais que todos os outros, distingue-se e transmite-me segurança. desejo insuportavelmente encaixar-me nele, sentir os seus braços rodearem-me, protegendo-me. já me habituei à sua presença; mesmo quando me olho ao espelho e tudo o que é meu se torna vítreo, trivial, lívido esse ser regressa e aí devolve a serenidade que existe quando se encontra presente, embora seja por pouco tempo. aliás, nenhum tempo é suficiente quando me sinto assim, quando o tenho por perto, quero apenas mais e mais. mas há só uma coisa que resiste ao tempo: as palavras, e mesmo sem elas, com ele, só um olhar basta.

domingo, 10 de junho de 2012

the only one


podia tentar compreender o que se passou, como aconteceu, o quando e o porquê. mas não existem razões para isso. não existe senão um motivo, um único elemento que mudou a minha vida, a tua vida, a nossa. o facto de termos criado uma amizade tão pura, tão genuína que nos uniu tanto. dizeres-me todos os dias que me amavas sem eu puder retribuir era insuportável. nunca tinha imaginado, nem por um só momento que pudesse vir a conhecer alguém que me fizesse sentir amada como tu fazias e isso irritava-me tanto em ti. contudo, no dia em que resolveste dizer 'adeus' e partir, eu percebi que não te voltaria a ver e foi aí que o pânico se misturou dentro de mim, com o desejo selvagem e avassalador de te abraçar, de te implorar que ficasses cá, comigo. havia algo que nos impedia, sempre houve; como se correntes me prendessem e me obrigassem a recuar, como se me trancassem num quarto e não me deixassem mais sair. mas foi em vão, eu resisti. irritava-me tanto o facto de tu seres exatamente aquilo que eu queria que fosses, de me fazeres sentir tão feliz sempre que estava contigo e sabes que admitir isso me custa muito. não queria aceitar que eras exatamente aquilo que eu procurava em alguém, não poderia admitir que te considerava perfeito para mim. mas eu podia viver assim. melhor dor do que sofrimento. e agora esse sofrimento forte e possessivo terminou, agora esse sofrimento deu lugar a uma felicidade constante que sinto sempre que dizes que me amas, agora consegui finalmente perceber que eras tu e que sempre tinhas sido. sim, é verdade; andei cega durante dez meses. mas prometo-te, não vou deixar que me ceguem de novo. não foi fácil,  mas tomei essa decisão. uma decisão que não teria conseguido tomar antes. quando te ouvi dizer que ias partir formou-se dentro de mim um instinto que se tornou quase primitivo, onde dizer que te amava significava sobrevivência. não podia aprisionar mais aquilo que sentia ou escondê-lo e finalmente eu disse. é por isso estou aqui contigo. agora. para sempre.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

finally


 a lua estava cheia. pairava no céu e enviava raios de luz, como espadas de prata, sobre o brilho negro do oceano. o som da chuva batendo contra o telhado era como o ritmo constante de um coração apaixonado. ela não esperava que houvesse sequer uma remota possibilidade de isso acontecer, de depois de tudo voltar a querer alguém assim. ambos queriam manter a relação em segredo, embora a ela a ideia não lhe agradasse muito, mas aceitava ou pelo menos procurava compreender. antes de o conhecer ela adorava tantas outras coisas mas agora, estar com ele preenchia todas as suas necessidades. ela sentia que ele mudara ao longo daqueles últimos meses. tornara-se mas afectuoso, mais paciente e compreensivo. e mesmo ele reconhecia que com outra rapariga podia ter-se precipitado sofregamente sem pensar no que poderia acontecer, nas consequências ou nos estragos que poderia vir a causar. com outra rapariga ele podia simplesmente ter desempenhado o papel de sedutor, mantendo parte dele separada, como um realizador orquestrando cada passo. mas com ela ele não conseguia fazê-lo. ela acreditava que nada daquilo seria em vão, mas por muito que tivesse anteriormente planeado e imaginado aquele momento, nunca tinha acreditado nele. foi aí que ambos perceberam o que realmente existia, era amor. finalmente, amor.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

apologize

perguntas-te onde estava aquela menina que dizia gostar de ti? onde estava aquela pessoa, feita de vontades incalculáveis que nunca se satisfazia com o bastante; que te tinha cativado apenas com o seu sorriso e que tinha o poder de te abraçar com apenas um olhar. onde estava aquela nuvem cinzenta que com um pequeno toque conseguia irradiar felicidade, aquele génio difícil que tu dizias adorar suportar. aquele corpo quente que te abraçava sempre precisavas e te beijava quando via a luz dos teus olhos fraquejar, insegura e triste. sinceramente? nem eu sei. há dias em que nem me sinto, ando como que a pairar, indiferente a tudo e a todos e nem mesmo uma bala ao trespassar o meu corpo me magoaria. mas depois, no fim estás tu. apercebo-me então que te tenho deixado de lado, que te tenho posto de parte e não mereces isso,  nunca mereceste. errei, eu sei! mas lembra-te, arrependimentos e erros também são recordações. por isso, desculpa.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

mesmerize


estava expectante, não conhecia ninguém e reagia quase a medo entre cada palavra, cada pequeno gesto e acção. desde o início tinhas-me despertado a atenção. vagueava lentamente, à chuva, com frio; senti o meu corpo gelar e à medida que proferias cada palavra esse frio aumentava em mim. fraquejei, é verdade. cheguei a uma altura que acabei por não conseguir tirar os olhos de ti; para onde quer que fosses o meu olhar seguia-te. mas, no meio de tanto frio, sempre que o teu olhar se cruzava com o meu, um calor imenso invadia o meu corpo e me mantinha presa a ti, como se tivesses o dom de me hipnotizar lentamente. queria poder tocar-te, abraçar-te ou até mesmo beijar-te, sem que aqueles olhos estivessem à nossa volta a escutar cada palavra e a observar cada gesto. agora, a saudade deu lugar ao conforto que sentia quando estava perto de ti; instalou-se entre nós um vazio que não termina nunca, aliado a uma distância cruel e feroz. hoje, quero apenas que segures a minha mão. mas se decidires segurá-la, não a soltes, porque eu já sofri tantas vezes ao segurar em mãos erradas.

domingo, 29 de abril de 2012

return

sonhei com o teu olhar, com a intensidade dos teus lábios e a exclusividade quente da tua pele. nem sei o que aconteceu, a consciência apagou-se e deixou-se molhar pela chuva. desejei,  pedi e implorei; voltei a fechar os olhos uma vez mais na expectativa de continuar o sonho onde ele tinha parado. quem já não pediu ao divino para eternizar um beijo? para que as dúvidas sejam as respostas? que um sonho por mais irreal que possa parecer se torne realidade? admito, eu já! hoje, assim que acordei. supliquei-lhe que fizesse a minha mente regressar, nem que eu tivesse de transformar pautas de uma música nas torrentes de água cristalina que brotam por uma cascata, situada entre as encostas de uma solitária montanha. nem que eu tivesse de me fechar para o mundo, de me enrolar em ligaduras tal qual uma múmia. nem que tivesse de transformar agulhas em rosas e deitar-me sobre esse jardim verde e vermelho onde o sonho começaria outra vez. roguei-lhe que o fizesse, e no fim ele deixou-me o resultado escrito num papel abandonado, ao lado de uma rosa vermelha. peguei na rosa, li o papel e o resultado foi o já esperado, nada...

sexta-feira, 27 de abril de 2012

sweet dream




naquela noite ela sentia-se ansiosa. tinha sofrido durante aquelas longas últimas duas horas, a escolher o vestido certo, o penteado certo. não queria parecer demasiado preocupada, demasiado óbvia. enquanto ele se preparava para tocar na campainha e ver o que o aguardava do outro lado, percebeu que teria de se acalmar, caso contrário iria demonstrar o seu nervosismo que acabava por ser quase ridículo. assim que a sua mão tocou levemente na porta, esta abriu-se repentinamente e ele sentiu um súbito arrepio percorrer-lhe o corpo. não, ela não era nem nunca seria óbvia, disso ele tinha a certeza. estava parada à porta, com um vestido azul que lhe caía delicadamente pelo corpo e o fazia indagar-se o que estaria para além daquele tecido macio que lhe cobria a pele, deixando apenas ver os seus braços e as suas pernas pequenas e maravilhosas. o cabelo estava solto e caía direito como a chuva, era uma mistura entre uma manhã de orvalho e o sol no final da tarde. aproximou-se para lhe beijar as faces e sentiu o seu perfume, o seu aroma. ela estava muito simples, os seus lábios não tinham batom e os seus olhos permaneciam frios e com uma expressão vazia.
-estás linda! - exclamou.
ela apenas ergueu as sobrancelhas e sorriu. parecia constrangida e quando ele lhe pegou na mão e a guiou até à mesa do restaurante que tinha escolhido, ela sentiu um estranho calor invadir-lhe o rosto. era uma jovem pura, inocente, sem nunca ter experienciado a natureza de um primeiro amor. durante o jantar, conversaram sobre música, livros, tudo aquilo que os casais conversam quando estão desesperados por descobrir todos os interesses em comum e em explorá-los a dois. era exatamente isso que ela sentia. naquele momento esqueceu tudo, todas as promessas que fizera de nunca prender o seu coração a um homem, conferindo-lhe o poder de a destroçar. e assim, perdendo-se nas palavras dele e no brilho dos seus olhos, ela apaixonou-se e não se repreendeu por isso; pelo contrário, deixou-se simplesmente levar por aquela maravilhosa, selvagem e quase irreal sensação do seu primeiro amor. ele conseguia partilhar todos os seus sonhos com ela, ela ouvia-o. o que ele queria, por mais insignificante que fosse parecia interessar-lhe. como ela o fascinava. naquele momento resolveu pôr de parte tudo o resto e desfrutou-a simplesmente. levantou-se:
-vamos embora? - perguntou ela.
-não, vamos dançar.-respondeu-lhe ele. o pânico instalou-se nela tão veloz e intensamente, comprimindo-lhe o peito.
- não, eu não posso. eu nunca dancei.
mas ele puxou-a levemente e disse-lhe ao ouvido:
- toda a gente dança. mexe-te, não importa como.
havia regras, ela acreditava fortemente nelas. no certo, no errado e em consequências e não se sentia pronta para as necessidades que ele suscitava nela. nem mesmo ele sabia se estava pronto. o corpo dele começou a mover-se contra o dela, transformando o medo que ela sentia num medo mais profundo mas mais íntimo. alguém a empurrou, fazendo-a cair aos pés dele, curva contra curva, calor contra calor. as suas mãos agarraram os ombros dele; ele tinha os olhos escuros e grandes fixando os dela, os seus lábios estavam entreabertos e a respiração ofegante. no meio de tantos odores ele apenas conseguia distinguir o dela. sentia que naquele instante tinha de a ter, nem que fossem só uns loucos segundos que na sua memória guardaria para a eternidade. levantou-a e puxou-a contra si até ela ficar em bicos de pés, sentiu-a inspirar rapidamente e começar a tremer. ele hesitou, esperou, adiando o momento, o desejo e a expectativa até estarem ambos completamente envolvidos. tocou então levemente com os seus lábios nos dela, suaves e macios. sentiu-se a invadir a boca dela, mas era como se sempre lá tivesse pertencido. ela não o queria largar, os seus braços estavam em redor do pescoço dele, abraçando-o. os seus suspiros eram quentes e suficientemente tímidos para falar em inocência. ele deixou-se levar em sinal de rendição e sentiu até uma estranha vontade de chorar com a descoberta. beijou-a de novo à porta de casa e desapareceu. ela deixou-se ficar ali, encostada à sua porta de madeira fria e austera, com a mão contra o peito sentindo o bater do seu coração acelerado. então era aquela a sensação de estar apaixonada, de ser desejada. deitou-se na cama a relembrar cada momento daquela imensa noite. ela acreditava nas tais regras, mas seriam elas válidas agora, quando ela se encontrava naquele estado que a fascinava e maravilhava a cada instante? saboreou aquela sensação uma vez mais, depois as suas pálpebras fecharam-se e ela adormeceu.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

be strong



é inevitável que me sinta triste, que me sinta de rastos quando te ouço dizer isso. quando me contas as tuas ideias, quando me explicas o que pretendes fazer. é impossível explicar-te o que sinto, a tristeza, a angústia, os tremores dos quais o meu corpo sofre em silêncio quando decides pronunciar essas palavras que me magoam tanto. queria somente que passasse um furacão pela tua cabeça, que te deixasse intacto e eliminasse apenas essas ideias ridículas que te assaltam tantas vezes a memória. há alturas em que me esforço para perceber o porquê, o motivo de fazeres isso, de escolheres essas pequenas ações para te amenizarem a dor quando sei que elas aumentam essa dor ainda mais, embora tu não te consigas aperceber disso. consideras que te ajuda, mas realidade é que só te prejudica; alimenta ainda mais aquela outra pessoa em que te transformas-te. uma pessoa que não se levanta, que quando acorda fica sem forças e a sua alma se agarra aos lençóis por considerar a vida demasiado cruel. queria encontrar a fórmula perfeita, a ideia exata para saber como te ajudar a recuperar quem tu foste, um dia. mas desculpa, a verdade é que não sei mais o que dizer, fazer ou aprender sobre isso. nunca passei por esse mar de ondas revoltas e de ventos instáveis onde só tu te soubeste encaixar durante tanto tempo. garanto-te apenas que não vou desistir disto. sei que te consideras fraco, mas é essa nostalgia que vejo quando te olho nos olhos que me faz admirar-te deste modo. és mais forte do que julgas ser, és capaz de enfrentar o que quiseres; por aquilo que tens demonstrado durante todo este tempo, por todas essas atitudes, eu acredito plenamente: conquistas o que quiseres. por isso peço-te, imploro-te, não desistas. nunca!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

right

há alturas em que tudo parece desmoronar-se, momentos em que sentes um enorme peso sobre os teus ombros, dias em que estás angustiado, sem força para nada. quero acreditar que talvez isto seja passageiro. afinal, ter dúvidas é completamente natural, mas quando elas persistem durante tanto tempo em nós, não sei se acaba por se tornar tão habitual assim. ás vezes fico frustrada comigo mesma. ao inicio tudo parece estar suficientemente bem, mas ao longo do tempo acabo por verificar que não há nada que esteja perfeitamente correcto, tudo está errado. não creio que, na verdade, exista algo completamente errado no mundo, pois mesmo quando alguém te abandona, talvez te esteja a dar a oportunidade de teres uma vida melhor; ou até mesmo quando um relógio se encontra parado, consegue estar certo duas vezes por dia. então porque não acreditas que até tu, que acabaste por cometer tantos erros, um dia, podes vir a estar certo?

segunda-feira, 2 de abril de 2012

lonely

é. isto são apenas palavras que nunca te direi. segredos guardados só para mim. na verdade é possível que tenha medo de os desvendar; medo da tua opinião. um enorme receio daquilo que irias dizer se soubesses, se visses tudo aquilo que te queria mostrar. é claro que podia apenas ligar-te e dizer-te tudo o que me vai na alma ou pegar no meu telemóvel e enviar-te uma mensagem com tudo isso. mas e se... se quando te ligasse me falhasse a voz e toda a convicção que tinha se perdesse e acabasse então por desligar o telemóvel para não me ouvires chorar pela falta de coragem que tinha tido; se quando terminasse de escrever a mensagem acabasse por não a enviar devido ao receio persistente que me rodeia, o medo da resposta que me darias. tenho-me confrontado todos os dias com a verdade, mas obviamente, ainda me restam dúvidas; dúvidas acerca de ti, de mim, mas sobretudo daquilo que sinto. há dias em que me pergunto 'será verdade ou apenas uma mera ilusão?' mas continuo na expectativa, porque quando lanço a mim mesma estas questões, nunca surgem as respostas. e eu fico assim, impaciente mas solitária, à espera.

sexta-feira, 30 de março de 2012

answer



olhava através da minha janela, afogava-me em pensamentos longos. traçava caminhos e desvendava horizontes. sobretudo pensando nas coisas da vida e nas voltas que ela ainda podia dar. sinto-me como uma prisioneira da distância. oponho-me ás leis do afastamento que tentam injustiçar todos os meus sentimentos, que fluem naturalmente do meu peito e nutrem a mais bonita ideia de perfeição acerca de alguém, embora insistam em procurar a alternativa mais acertada para todos os inimigos que se deparam mesmo na frente de duas almas, incapazes de superar o receio que tem de convergir. uma dor começa a crescer no meu peito de tanto pensar. um grande vazio vai-me enchendo e sinto uma estranha agonia a subir por mim. custa respirar, sinto um aperto mas não consigo explicar por palavras o porquê de ele ainda permanecer aqui. falta-me o ar, uma nostalgia imensa invade o meu pensamento, os meus olhos transformaram-se em duas esferas negras e opacas que não deixam passar qualquer tipo de luz para dentro do meu ser. os meus lábios são agora apenas duas leves ondas salgadas devido ás lágrimas que caiem pelo meu rosto. que me sinto angustiada é tão claro como a luz do sol quando amanhece, mas a razão pela qual me sinto assim é completamente desconhecida para mim. nem sei se quero saber o motivo. se será melhor ou pior. por agora terei de ficar aqui sentada, à espera que alguém me dê essa resposta, que ela surja. e eu sei que vai surgir, provavelmente de onde menos espero. por detrás do horizonte, do céu já escuro e azulado, da luz, de um sol que jamais desaparecerá...

terça-feira, 27 de março de 2012

will be?


à algum tempo que me tento decidir. mas paro entre o lado certo e o errado, o problema é que muitas das vezes (ainda hoje) não sei perceber qual deles é o certo e qual o errado. perco-me em questões amiúde; aquelas que embora saibas o que dizer, não consegues formular as palavras exactas para dar essa resposta que por vezes pode ser demasiado dura ou simples e frágil. para encontrar as palavras corretas para a dar percorro caminhos que outrora já conheci mas pareço não me lembrar deles. tropeço nas mesmas pedras e caio nos mesmos buracos. o incrível é que acredito que apesar de o presente ser igual, o futuro pode vir a ser diferente e há alturas em que acredito mesmo que vai ser diferente. mas depois, mais tarde, regressa a incógnita. será?

my soul

queria tanto voltar de novo à superfície, respirar o ar puro que antes existia em abundância em cada passo que dava. agora acabo por ficar submersa. sinto-me vazia, como se cada instinto que tivesse fosse mais forte que a minha vontade, como se nada mais me prendesse e acabasse por me resignar ao meu espaço, ao meu ser, sem deixar que nada penetrasse dentro desse mundo em que me fechava. a maneira de agir, de sentir, de amar, perdera-se ao longo dos dias enquanto a lembrança persistia em mim. é como se o mundo se transforma-se em cinzas, em branco, em cinzento, em preto, em escuro... como se não existisse mais nada, o sol desaparecia, a terra era engolida pelo mar e depois o mar evaporava-se. eu ficava ali, submergida, mas acabava por desaparecer no escuro. não sei se a luz vai regressar, pelo menos tão forte como antes. pergunto-me se um dia vamos resultar, mas assim que me confronto com essa possibilidade, essa miragem regressa, o lugar escuro e as cinzas voltam e devoram-me por completo. por mais que eu não queira, por mais que eu tente resistir, eles encontram uma saída e conseguem escapar, algures entre o escuro da minha alma e o calor do meu coração.

sábado, 24 de março de 2012

secret

sinto-me bem quando me devolves um sorriso, quando passas por mim e me olhas; um olhar que apenas eu e tu entendemos, que mais ninguém consegue compreender tão verdadeiramente como nós os dois. partilhar um segredo assim transforma tudo na minha cabeça numa grande confusão. não sei o que sinto, nem sei mesmo se sinto alguma coisa. talvez a diferença se encontre nesse pequeno passo que estou relutante em dar. um passo que não sei se é certo ou errado; um passo que não sei se queres dar comigo. não quero que me faças grande quando sei que sou pequenina, mas depois sinto-me tão leve contigo; é tão fácil gostar de ti, sentir saudades tuas. talvez nunca te venha a saber mais do que sei, talvez nunca venha a descobrir se és primavera ou outono, se és feito das chuvas de inverno ou dos ventos secos de verão. eu sei que não, ambos o sabemos. é um segredo e nunca vai passar disso; um segredo que guardamos e o qual nunca vamos partilhar. agora entendo, nunca vou conseguir compreender plenamente o teu ser, não! nunca vai passar disto. jamais poderei saber-te de cor.

quarta-feira, 14 de março de 2012

crush

chega sempre a altura em que compreendes que, apesar de tudo, nada foi em vão. talvez te apercebas de que quando sentes saudades nem sempre significa o teu desejo de estar com outra pessoa, mas simplesmente o relembrar de um turbilhão de memórias que te vêem há cabeça sempre que te lembras dela; memórias de um passado enterrado e morto. sabes quando tu e as batidas do teu coração se dessincronizam, quando sentes que todos sorriem sobre um lindo dia de sol e dentro de ti rebentam nuvens cheias de água e inundam tudo à tua volta? ás vezes penso que dentro de mim ainda existe uma réstia de desejo de te voltar a ver, a encarar-te, poder novamente olhar-te nos olhos. chego então à conclusão que não quero invocar o passado outra vez, ver todas as imagens que ele trás consigo diante dos meus olhos. não. não quero para já conversas, palavras nem mesmo pensamentos que de alguma forma tenham a ver contigo. de uma coisa tenho agora a certeza. vais ser tu a falar-me. não quando sentires saudades minhas, mas sim quando sentires a minha falta.

quarta-feira, 7 de março de 2012

december

diria que o inverno tinha durado demais, talvez seja mesmo essa a razão pela qual ainda reflito nestes julgamentos em vão. mas acabou, ou melhor, acabámos. o inverno durou mais do que tinhas prometido e então, como que num impulso incontrolável resolvi ir ter contigo.decidi encarar-te de novo, mas claro, tu resolves-te ficar num qualquer Dezembro frio sem preocupação nem dor, fechado no teu mundo e no teu silêncio; na dor que sentias, que ambos sentíamos. fui ter contigo a esse lugar que só tu compreendias plenamente, vazio e inexplicávelmente frio. e tu ficas-te (rendido pela dor), mas eu não me rendo e como vês não me rendi e é por isso que não fico nesse fosso coberto de melancolia e tristeza, fugi. tu ficas-te eu não. desculpa, mas eu não...

terça-feira, 6 de março de 2012

undeniable

a saudade é feita de erros outrora cometidos, consumidos por desculpas e lágrimas de arrependimento em prol de um futuro melhor. futuro esse que muda num instante, enquanto reviras as páginas até encontrares onde falhas-te. tudo acaba por depois se resumir a horas passadas envoltas nos pensamentos mais desejados. a tua presença deu lugar à ausência e mais tarde ao vazio, desastroso e cruel. há dias em que perdemos o sentido da vida. há sentimentos que tomam conta de nós, que nos devoram a alma e mesmo que os tentemos desvendar, permanece a incógnita. quando fecho os olhos vejo um mundo de impossibilidades que a vida nos dá, onde o impossível é apenas o que negamos ser concretizável. e no final é isto o que me deixa paralisada, é isto que me aprisiona; este lugar que existe em mim onde o amor é apenas a constante, independente da minha vontade e claro, do meu coração.

segunda-feira, 5 de março de 2012

scars.

não me importo, não me quero importar mais. tornaste-te um mito à espera de ser relembrado e embora eu não queira, não deixo de o fazer. a maneira como lutámos, a forma como o fizemos, faz-me chorar. a dor transformou-se em sangue; sangue esse que brota sem parar, como as lágrimas que me percorrem o rosto de cada vez que regresso ao passado. pesadelos invadem a minha mente, não terminam nunca. não posso dar mais um único passo em direcção a ti e aguentar até que toda a esperança que tinha se transforme em arrependimento. contudo, apenas te quero tornar em mais um fantasma que me entra na alma e a corrói lentamente; um espírito insubstituível, transparente, frio e atroz, afastado do mundo mas não de mim. deixaste-me cicatrizes que não consigo sarar e é através delas que tento recuperar a luz que outrora pude ver. há momentos em que não me permito relembrar-te, que sou injusta sem o querer ser e agressiva involuntariamente. não reflito, (eu sei, mas também nunca acabas-te por me deixar fazê-lo). com o passar do tempo tornou-se mais fácil falar de ti, até escrever sobre ti. o que dói é só o facto de estares tão longe e veres-me partir sem nada dizeres. não quero magoar ninguém, não mereces esse prazer, apesar de já o teres saboreado. tentei ser justa com todos, mas devido ao que ainda sinto não consegui. tentei comandar as minhas emoções. tentei olhar para mais alguém mas sinto-me incapaz. ajo quase mecanicamente quanto o assunto és tu. agora procuro recuperar a normalidade, ser honesta com todos e até comigo mesma. não me quero esconder através do véu que ainda és para mim, um véu que me impede passar para o outro lado. perdi qualidades quando te perdi, já não há raciocínio nem preocupação, lógica ou emoções. ás vezes acabo por me sentir vazia, presa no tempo, sem poder mudar o meu estado. deixa-me frustrada, sou franca. não te culpo, nem a mim me culpo; tortura-me apenas a distância e a dificuldade que ainda tenho de te manter longe, afastado de mim e da vida que levo. foi uma escolha nossa, rápida e voraz que me afaga frequentemente a memória. mas já é tempo de acabar com tudo isto. acabar com aquilo que um dia acabou por se resumir a uma simples e trágica história de amor.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

please

i miss the old you and i will explode away from your love. so please, come back!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

fire

esta falta de ti, que outrora não sentia, acaba por me consumir lentamente. deixando-me sem chão, perdida. foi um risco tudo o que vivemos ainda que eu o tenha resolvido tomar por uma vitória. não me quero ver à beira de perder a cabeça, acabando frágilmente por concretizar o inevitável destino escolhido para nós. agora vou onde eu quiser, faço o que preferir, sem problemas nem repreensões; sem argumentos dissolvidos à tona, ou duvidas esquecidas. arranquei-te de mim, ainda que sem escrúpulos, sentimentos ou perdão. livrei-me do que mais desejava, como um louco deita fora a oportunidade da sua vida. a parte de mim que constituía o amor que por ti sentia incendiou-se. ardeu. e agora jaze, reduzida a cinzas.

visions

cheguei a uma conclusão, que de facto parece estranha e avassaladora; nunca mais encontrarei alguém como tu. nem longe nem perto do sentimento que nos envolvia. acreditava que nada poderia ser falível, nada estragaria ou poria fim a tudo. hoje sei, tentando viver assim, metade viva; correndo para longe disto, das nuvens que embaciam o meu caminho, a minha fuga, tornando tudo tão negro, tão mais difícil. tomara a mim esquecer tudo, apesar de ser tão terrível mas inevitável passar uma borracha por cima de tudo dado que tal se tem tornado impossível na minha vida. tenho medo até, medo de me esquecer da tua cara. sempre que penso em ti, procura afastá-la de mim. embora a verdade é que um mar de sonhos me tem abalado todas as noites. sinto nesses sonhos uma presença. sei que é a tua, mas (apesar de sem saber porquê) a tua face não aparece, apresenta-se distorcida e irreconhecível. quando tento perceber quem é o vulto que me mantêm estagnada, presa à sua imagem que não anda mas paira, desliza lentamente para longe, distante de mim até se tornar imperceptível, ele desaparece. desliza para longe como tu foges de mim, de nós. dos motivos pelos quais ainda te vejo e recordo, naqueles que tu ainda consideras: os meus sonhos.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

destruction

sim. nos últimos dias tem residido na minha cabeça um sentimento de culpa, uma vontade imensa de expulsar a verdade, de relembrar cada momento, cada minuto. tudo pode simplesmente resumir-se a um ódio hidratado que já não deixa cair as lágrimas através do meu rosto; que me proíbe de avançar, prendendo-me no vazio e deixando-me ali caída, suspensa no meio de um tudo que já não significa nada. estava prestes a aperceber-mede qual seria a melhor escolha para mim e é então que decido, assim como que instantaneamente, de uma maneira quase mecânica; acabando por se tornar estúpida e não subtil e ingénua como deveria parecer. escolhi acabar com tudo. terminámos num nada, depois de um tanto! agora, uma mágoa pura reside em mim, este sentimento inacabado esta dor persistente que perdura e nunca vai embora. claro, pareço bem. à alturas em que acabo por me surpreender, pergunto-me como será possível esquecer tudo tão depressa; deixar de pensar, de chorar por algo que continua a valer a pena... se a dor amenizou? se passou tudo? se aceito o facto de me teres roubado o mundo? se me sinto bem? se estou pronta para segui em frente? não, claro que não. apenas guardei tudo, toda a dor, todas as lágrimas e todo o amor que ainda sinto, num cantinho bem junto do meu coração. e se alguém algum dia lá chegar, tudo o que sou se vai perder novamente, num reencontro. não de amor. no reencontro de um olhar, um olhar mais profundo, um olhar que não é nosso. um diferente, transformado, talvez até melhor.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

that's hard

'é difícil' pensei, não olhá-lo nos olhos, agir como se estivesse perdida rumo ao desconhecido, com movimentos descontrolados e ações inapropriadas, identificando cada momento como um sinal de culpa. consciente, tento a pouco e pouco relacionar-me consigo e adaptar-me a ele sem parecer estranha e desajustada. todos estes sinais são típicos e eu diria que com certeza um bom observador os identificaria; sinais esses que só estão presentes quando esta poderosa doença é lançada no interior do organismo humano, acabando então por corroer e destruir tudo o que aparece à sua frente se lhe tentarmos resistir. com o passar do tempo apercebi-me de que o melhor é deixá-la evoluir devagarinho, permitindo que ela habite dentro de nós o maior número de tempo possível; deixá-la absorver-nos lentamente, levando-nos ao nosso auge e envolvendo-nos de forma quase impossível e fascinante. considero-me doente? sim, doente de amor! uma doença que me mantém sóbria durante todo o tempo, mas que por vezes me deixa submersa e assim me orienta no caminho para o qual me dirigir; a melhor escolha a fazer é não ir pela direita, não ir pela esquerda: seguir em frente. ainda à pouco tempo me perguntava a onde iria dar essa estrada, hoje em dia sei bem onde termina; termina em ti. um lugar que me aprisiona e onde eu amo ser aprisionada, é um quarto sem janelas nem portas e com paredes suficientemente finas para poder ver e ouvir tudo através delas, mas suficientemente grossas para me impedirem de passar. é para aqui que vou quando termino o meu percurso, um lugar completamente e irremediavelmente nosso, onde esta doença se chama paixão e onde desejo insuportavelmente continuar infectada com ela, para sempre.