'As palavras são como os meus passos, cada frase será como uma pedra que deixo atrás de mim para não me perder no regresso.'

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sexta-feira, 30 de março de 2012

answer



olhava através da minha janela, afogava-me em pensamentos longos. traçava caminhos e desvendava horizontes. sobretudo pensando nas coisas da vida e nas voltas que ela ainda podia dar. sinto-me como uma prisioneira da distância. oponho-me ás leis do afastamento que tentam injustiçar todos os meus sentimentos, que fluem naturalmente do meu peito e nutrem a mais bonita ideia de perfeição acerca de alguém, embora insistam em procurar a alternativa mais acertada para todos os inimigos que se deparam mesmo na frente de duas almas, incapazes de superar o receio que tem de convergir. uma dor começa a crescer no meu peito de tanto pensar. um grande vazio vai-me enchendo e sinto uma estranha agonia a subir por mim. custa respirar, sinto um aperto mas não consigo explicar por palavras o porquê de ele ainda permanecer aqui. falta-me o ar, uma nostalgia imensa invade o meu pensamento, os meus olhos transformaram-se em duas esferas negras e opacas que não deixam passar qualquer tipo de luz para dentro do meu ser. os meus lábios são agora apenas duas leves ondas salgadas devido ás lágrimas que caiem pelo meu rosto. que me sinto angustiada é tão claro como a luz do sol quando amanhece, mas a razão pela qual me sinto assim é completamente desconhecida para mim. nem sei se quero saber o motivo. se será melhor ou pior. por agora terei de ficar aqui sentada, à espera que alguém me dê essa resposta, que ela surja. e eu sei que vai surgir, provavelmente de onde menos espero. por detrás do horizonte, do céu já escuro e azulado, da luz, de um sol que jamais desaparecerá...

terça-feira, 27 de março de 2012

will be?


à algum tempo que me tento decidir. mas paro entre o lado certo e o errado, o problema é que muitas das vezes (ainda hoje) não sei perceber qual deles é o certo e qual o errado. perco-me em questões amiúde; aquelas que embora saibas o que dizer, não consegues formular as palavras exactas para dar essa resposta que por vezes pode ser demasiado dura ou simples e frágil. para encontrar as palavras corretas para a dar percorro caminhos que outrora já conheci mas pareço não me lembrar deles. tropeço nas mesmas pedras e caio nos mesmos buracos. o incrível é que acredito que apesar de o presente ser igual, o futuro pode vir a ser diferente e há alturas em que acredito mesmo que vai ser diferente. mas depois, mais tarde, regressa a incógnita. será?

my soul

queria tanto voltar de novo à superfície, respirar o ar puro que antes existia em abundância em cada passo que dava. agora acabo por ficar submersa. sinto-me vazia, como se cada instinto que tivesse fosse mais forte que a minha vontade, como se nada mais me prendesse e acabasse por me resignar ao meu espaço, ao meu ser, sem deixar que nada penetrasse dentro desse mundo em que me fechava. a maneira de agir, de sentir, de amar, perdera-se ao longo dos dias enquanto a lembrança persistia em mim. é como se o mundo se transforma-se em cinzas, em branco, em cinzento, em preto, em escuro... como se não existisse mais nada, o sol desaparecia, a terra era engolida pelo mar e depois o mar evaporava-se. eu ficava ali, submergida, mas acabava por desaparecer no escuro. não sei se a luz vai regressar, pelo menos tão forte como antes. pergunto-me se um dia vamos resultar, mas assim que me confronto com essa possibilidade, essa miragem regressa, o lugar escuro e as cinzas voltam e devoram-me por completo. por mais que eu não queira, por mais que eu tente resistir, eles encontram uma saída e conseguem escapar, algures entre o escuro da minha alma e o calor do meu coração.

sábado, 24 de março de 2012

secret

sinto-me bem quando me devolves um sorriso, quando passas por mim e me olhas; um olhar que apenas eu e tu entendemos, que mais ninguém consegue compreender tão verdadeiramente como nós os dois. partilhar um segredo assim transforma tudo na minha cabeça numa grande confusão. não sei o que sinto, nem sei mesmo se sinto alguma coisa. talvez a diferença se encontre nesse pequeno passo que estou relutante em dar. um passo que não sei se é certo ou errado; um passo que não sei se queres dar comigo. não quero que me faças grande quando sei que sou pequenina, mas depois sinto-me tão leve contigo; é tão fácil gostar de ti, sentir saudades tuas. talvez nunca te venha a saber mais do que sei, talvez nunca venha a descobrir se és primavera ou outono, se és feito das chuvas de inverno ou dos ventos secos de verão. eu sei que não, ambos o sabemos. é um segredo e nunca vai passar disso; um segredo que guardamos e o qual nunca vamos partilhar. agora entendo, nunca vou conseguir compreender plenamente o teu ser, não! nunca vai passar disto. jamais poderei saber-te de cor.

quarta-feira, 14 de março de 2012

crush

chega sempre a altura em que compreendes que, apesar de tudo, nada foi em vão. talvez te apercebas de que quando sentes saudades nem sempre significa o teu desejo de estar com outra pessoa, mas simplesmente o relembrar de um turbilhão de memórias que te vêem há cabeça sempre que te lembras dela; memórias de um passado enterrado e morto. sabes quando tu e as batidas do teu coração se dessincronizam, quando sentes que todos sorriem sobre um lindo dia de sol e dentro de ti rebentam nuvens cheias de água e inundam tudo à tua volta? ás vezes penso que dentro de mim ainda existe uma réstia de desejo de te voltar a ver, a encarar-te, poder novamente olhar-te nos olhos. chego então à conclusão que não quero invocar o passado outra vez, ver todas as imagens que ele trás consigo diante dos meus olhos. não. não quero para já conversas, palavras nem mesmo pensamentos que de alguma forma tenham a ver contigo. de uma coisa tenho agora a certeza. vais ser tu a falar-me. não quando sentires saudades minhas, mas sim quando sentires a minha falta.

quarta-feira, 7 de março de 2012

december

diria que o inverno tinha durado demais, talvez seja mesmo essa a razão pela qual ainda reflito nestes julgamentos em vão. mas acabou, ou melhor, acabámos. o inverno durou mais do que tinhas prometido e então, como que num impulso incontrolável resolvi ir ter contigo.decidi encarar-te de novo, mas claro, tu resolves-te ficar num qualquer Dezembro frio sem preocupação nem dor, fechado no teu mundo e no teu silêncio; na dor que sentias, que ambos sentíamos. fui ter contigo a esse lugar que só tu compreendias plenamente, vazio e inexplicávelmente frio. e tu ficas-te (rendido pela dor), mas eu não me rendo e como vês não me rendi e é por isso que não fico nesse fosso coberto de melancolia e tristeza, fugi. tu ficas-te eu não. desculpa, mas eu não...

terça-feira, 6 de março de 2012

undeniable

a saudade é feita de erros outrora cometidos, consumidos por desculpas e lágrimas de arrependimento em prol de um futuro melhor. futuro esse que muda num instante, enquanto reviras as páginas até encontrares onde falhas-te. tudo acaba por depois se resumir a horas passadas envoltas nos pensamentos mais desejados. a tua presença deu lugar à ausência e mais tarde ao vazio, desastroso e cruel. há dias em que perdemos o sentido da vida. há sentimentos que tomam conta de nós, que nos devoram a alma e mesmo que os tentemos desvendar, permanece a incógnita. quando fecho os olhos vejo um mundo de impossibilidades que a vida nos dá, onde o impossível é apenas o que negamos ser concretizável. e no final é isto o que me deixa paralisada, é isto que me aprisiona; este lugar que existe em mim onde o amor é apenas a constante, independente da minha vontade e claro, do meu coração.

segunda-feira, 5 de março de 2012

scars.

não me importo, não me quero importar mais. tornaste-te um mito à espera de ser relembrado e embora eu não queira, não deixo de o fazer. a maneira como lutámos, a forma como o fizemos, faz-me chorar. a dor transformou-se em sangue; sangue esse que brota sem parar, como as lágrimas que me percorrem o rosto de cada vez que regresso ao passado. pesadelos invadem a minha mente, não terminam nunca. não posso dar mais um único passo em direcção a ti e aguentar até que toda a esperança que tinha se transforme em arrependimento. contudo, apenas te quero tornar em mais um fantasma que me entra na alma e a corrói lentamente; um espírito insubstituível, transparente, frio e atroz, afastado do mundo mas não de mim. deixaste-me cicatrizes que não consigo sarar e é através delas que tento recuperar a luz que outrora pude ver. há momentos em que não me permito relembrar-te, que sou injusta sem o querer ser e agressiva involuntariamente. não reflito, (eu sei, mas também nunca acabas-te por me deixar fazê-lo). com o passar do tempo tornou-se mais fácil falar de ti, até escrever sobre ti. o que dói é só o facto de estares tão longe e veres-me partir sem nada dizeres. não quero magoar ninguém, não mereces esse prazer, apesar de já o teres saboreado. tentei ser justa com todos, mas devido ao que ainda sinto não consegui. tentei comandar as minhas emoções. tentei olhar para mais alguém mas sinto-me incapaz. ajo quase mecanicamente quanto o assunto és tu. agora procuro recuperar a normalidade, ser honesta com todos e até comigo mesma. não me quero esconder através do véu que ainda és para mim, um véu que me impede passar para o outro lado. perdi qualidades quando te perdi, já não há raciocínio nem preocupação, lógica ou emoções. ás vezes acabo por me sentir vazia, presa no tempo, sem poder mudar o meu estado. deixa-me frustrada, sou franca. não te culpo, nem a mim me culpo; tortura-me apenas a distância e a dificuldade que ainda tenho de te manter longe, afastado de mim e da vida que levo. foi uma escolha nossa, rápida e voraz que me afaga frequentemente a memória. mas já é tempo de acabar com tudo isto. acabar com aquilo que um dia acabou por se resumir a uma simples e trágica história de amor.