'As palavras são como os meus passos, cada frase será como uma pedra que deixo atrás de mim para não me perder no regresso.'

.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

finally


 a lua estava cheia. pairava no céu e enviava raios de luz, como espadas de prata, sobre o brilho negro do oceano. o som da chuva batendo contra o telhado era como o ritmo constante de um coração apaixonado. ela não esperava que houvesse sequer uma remota possibilidade de isso acontecer, de depois de tudo voltar a querer alguém assim. ambos queriam manter a relação em segredo, embora a ela a ideia não lhe agradasse muito, mas aceitava ou pelo menos procurava compreender. antes de o conhecer ela adorava tantas outras coisas mas agora, estar com ele preenchia todas as suas necessidades. ela sentia que ele mudara ao longo daqueles últimos meses. tornara-se mas afectuoso, mais paciente e compreensivo. e mesmo ele reconhecia que com outra rapariga podia ter-se precipitado sofregamente sem pensar no que poderia acontecer, nas consequências ou nos estragos que poderia vir a causar. com outra rapariga ele podia simplesmente ter desempenhado o papel de sedutor, mantendo parte dele separada, como um realizador orquestrando cada passo. mas com ela ele não conseguia fazê-lo. ela acreditava que nada daquilo seria em vão, mas por muito que tivesse anteriormente planeado e imaginado aquele momento, nunca tinha acreditado nele. foi aí que ambos perceberam o que realmente existia, era amor. finalmente, amor.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

apologize

perguntas-te onde estava aquela menina que dizia gostar de ti? onde estava aquela pessoa, feita de vontades incalculáveis que nunca se satisfazia com o bastante; que te tinha cativado apenas com o seu sorriso e que tinha o poder de te abraçar com apenas um olhar. onde estava aquela nuvem cinzenta que com um pequeno toque conseguia irradiar felicidade, aquele génio difícil que tu dizias adorar suportar. aquele corpo quente que te abraçava sempre precisavas e te beijava quando via a luz dos teus olhos fraquejar, insegura e triste. sinceramente? nem eu sei. há dias em que nem me sinto, ando como que a pairar, indiferente a tudo e a todos e nem mesmo uma bala ao trespassar o meu corpo me magoaria. mas depois, no fim estás tu. apercebo-me então que te tenho deixado de lado, que te tenho posto de parte e não mereces isso,  nunca mereceste. errei, eu sei! mas lembra-te, arrependimentos e erros também são recordações. por isso, desculpa.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

mesmerize


estava expectante, não conhecia ninguém e reagia quase a medo entre cada palavra, cada pequeno gesto e acção. desde o início tinhas-me despertado a atenção. vagueava lentamente, à chuva, com frio; senti o meu corpo gelar e à medida que proferias cada palavra esse frio aumentava em mim. fraquejei, é verdade. cheguei a uma altura que acabei por não conseguir tirar os olhos de ti; para onde quer que fosses o meu olhar seguia-te. mas, no meio de tanto frio, sempre que o teu olhar se cruzava com o meu, um calor imenso invadia o meu corpo e me mantinha presa a ti, como se tivesses o dom de me hipnotizar lentamente. queria poder tocar-te, abraçar-te ou até mesmo beijar-te, sem que aqueles olhos estivessem à nossa volta a escutar cada palavra e a observar cada gesto. agora, a saudade deu lugar ao conforto que sentia quando estava perto de ti; instalou-se entre nós um vazio que não termina nunca, aliado a uma distância cruel e feroz. hoje, quero apenas que segures a minha mão. mas se decidires segurá-la, não a soltes, porque eu já sofri tantas vezes ao segurar em mãos erradas.